De voluntário a obrigatório: Uma suposta obrigatoriedade da StayAway corresponderia a uma grosseira deslealdade em relação ao compromisso tácito do Governo com os cidadãos. Não vale tudo em tempo de pandemia.
O mesmo não se verifica com uma app de rastreio digital, como a StayAway, desde logo pela catadupa de “ses” que suscita. A aplicação só poderá ser eficaz se todos os portugueses a descarregarem, não apenas no trabalho e no ensino – como diz o Governo –, mas também em família e com amigos, isto é, de dia e de noite; se também os estrangeiros que vivem em Portugal ou que nos visitam a descarregarem; se todos os cidadãos em território português forem sujeitos a testes regulares; se todos dispuserem de um telemóvel compatível com a StayAway, com acesso a dados móveis e bluetooth ligado; se a aplicação estiver a funcionar correctamente, sendo que em praticamente todos os países se têm registado frequentes problemas; se a pessoa testada positiva para a covid divulgar a informação, sendo que, se a StayAway se tornasse obrigatória, a divulgação dessa informação de saúde passaria a ficar a cargo de outrem que não o próprio. E quem ou como se processa a fiscalização? Através da invasão do telemóvel de cada um e ingerência nos dados pessoais?
Uma suposta obrigatoriedade da StayAway, nos termos propostos e perante os incontornáveis “ses” seria bastante ineficaz. Não será, portanto, de surpreender que ainda não tenha sido validada cientificamente.